quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sheppard. (parte 1 de ?)

Vou começar hoje a contar a história de Sheppard, um carneiro muito esperto aprontando todas com seus amigos super divertidos em busca de sua liberdade [/Sessão da Tarde]
A propósito, eu ainda tou escrevendo a história, então não sei quantas partes vai ter essa bagaça :P

A propósito [2], resenhas de CDs, só nos fins de semana. É quando eu tenho tempo de ouvir os CDs acompanhando as letras (inglês ruim é tenso).

Era uma vez um carneirinho. Ele era apenas parte do grande rebanho que habita o cercadinho que todo insone possui em sua cabeça, saltitante como todos, circundado de lã como todos, tão ou mais caprino quanto todos os outros. Poderia muito bem servir como uma ovelha-bomba em um sonho que envolva uma partida de Worms. Mas aquele não era um carneiro comum. Apesar de todas as semelhanças com os outros semelhantes da sua espécie, ele tinha o que nenhum dos outros tinha: vontade própria. Sim, aquele carneiro tinha aspirações, tinha planos para uma vida inteira, tinha castelos de areia construídos, e pretendia muito bem cimentá-los. O único problema é que ele não conseguia se libertar da sua rotina de ajudar pessoas insones a enfim pegar no sono. E sem descanso, uma vez que, quando alguém pega no sono, há de se considerar que no mundo, haja outra pessoa insone precisando de apoio para dormir, e lá ia o pobre carneiro pular por cima da cerca novamente. 24h por dia fazendo a mesma coisa, pulando cercas. Uma rotina que seria invejada por maridos entediados, mas não é o caso.

O principal objetivo do carneiro no qual narro a sorte era simples: se tornar um carneiro de carne e osso, para em seguida espalhar a concórdia na sua espécie, tirá-los da alienação dos cercados e fundar uma classe forte, tão forte quanto pudesse, para enfim se livrar da subjugação da mão humana no mundo real, onde seus camaradas eram submetidos ao rigoroso frio do inverno sem sua manta de lã, quando tosquiados, isso quando não viravam carne para alimentar as bocas imundas e maledicentes dos homens que os carneavam. Ao menos era esta visão do mundo real que Sheppard (o nome que o carneiro se atribuía, uma vez que todos os carneiros do cercado dos sonhos não tinham nome, afinal, não precisavam) tinha, de acordo com sua literatura, pois Sheppard sempre foi alguém muito interessado e estudioso das coisas do mundo carnal. Afinal de contas, enquanto se está na fila esperando dua vez de pular a cerca, há um tempo suficiente, que Sheppard usava para adquirir sua cultura, e espalhar aos camaradas na fila, que incrédulos, só respondiam com balidos sarcásticos.

Pois em uma destas filas, enquanto folheava um livro de Porcoievsky, formulando uma maneira de transcender a barreira da imaterialidade, Sheppard foi cutucado nas costas. Virou para ver quem estava lhe chamando, mas foi apenas o tempo de perceber que estava sendo carregado, e a toda velocidade, por um lobo, e então começou a balir com todo o desespero que podia ter. Cessada a corrida, atrás de uma moita, aonde Sheppard foi amordaçado e imobilizado, o lobo se abaixa, e abre um zíper de cima a baixo em seu corpo, revelando que aquilo na verdade só se tratava de uma pele de lobo, dentro de onde estava uma senhora de aparência doce e frágil, que em seguida desamarrou e desamordaçou Sheppard.

- Quem é você? perguntou Sheppard. E porque me amordaçou?
- Filho, te amarrei pra que você não corresse de mim até que eu lhe explique o que eu tenho pra te contar, aquela pele de lobo foi o único disfarce que eu consegui. Repara não, mas eu já tava de saco cheio do Lobo Mau querendo me comer, então tive que fazer justiça com as próprias mãos.
- ESPERA! Você é...
- Sim, filho, sou a avozinha da Chapeuzinho Vermelho!
- Mas...
- Repara não, mas depois da primeira vez que o Lobo Mau me comeu, acabei virando lésbica. Mas quem disse que ele ligava?
- Uff, menos mal. Ele queria porque queria me comer à força também, mesmo sabendo que sou espada. Mas enfim, porque essa zona toda só pra falar comigo?
A doce senhora abriu sua bolsa, pegou uma toalha xadrez e estendeu no chão, sentando-se em cima. Sheppard sentou-se ao lado, enquanto a velhota enrolava um baseado e começava sua narrativa.

- Olha, o motivo que eu tenho é muito simples. Eu já tou velha, tou querendo me aposentar, tou querendo comer algo diferente das coisas que a Chapéu me trazia na cesta de doces dela. Olha, até banguela eu tou, na época ainda não existia pasta de dentes, e eu lá comendo os mesmos doces todo dia, não deu outra: quase tive um abcesso, pra não falar das cáries. O Lenhador sofria com o meu bafo na época que a gente namorou, que Deus o tenha. Então, tudo que eu quero é um fim de vida, mas que seja um fim de vida decente. (a senhora dá uma tragada no baseado já aceso, passando ele pro Sheppard) PFfff... CAHAAM! Desculpa. Mas enfim, queria poder descansar em paz enfim. As crianças do mundo não gostam mais da história da minha neta, e eu ficando lá tomando conta da minha casa, no maior tédio. Aliás, falando da Chapéu, tem notícias dela?
- Não, afirmou Sheppard, não sei da Chapeuzinho Vermelho. Ela até costumava passar perto da cerca aonde eu pulo uma vez por semana, mas já tem umas 3 ou 4 vezes que não vi mais ela passando por lá.
- Imaginei que tu não soubesses da Chapeuzinho. E eu sei te dizer porque.


Continua na próxima parte, que sai sei lá quando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário